SE A QUANTIDADE DE ÁGUA NO MUNDO É A MESMA DESDE SUA CRIAÇÃO, POR QUE AGORA IRIA FALTAR?

A resposta está no mal uso e gerenciamento deste recurso, não respeitando os limites impostos pela natureza. A melhor forma de convertermos esta situação é informarmos as pessoas sobre como funciona o ciclo da água e quais as implicações ambientais e sociais que sua utilização pode trazer, pois todos sabem que a água é o principal elemento para a vida, então precisamos conhecê-la melhor.

Nesta exposição pode-se navegar por um rio imaginário e ver como a água foi importante em todas as fases de nossa história, em diferentes momentos, nestes últimos 500 anos.

Vamos iniciar nossa viagem aprendendo mais sobre a relação dos povos indígenas brasileiros com a água, seus usos e costumes. Como os bandeirantes seguiram e exploraram os cursos d’água para a conquista de novos territórios em busca de riquezas; na curva seguinte do rio podemos observar que o processo de colonização com a formação das cidades aconteceu ao longo dos corpos d’água e veremos que a água é utilizada como fonte de alimento e energia. Navegando mais um pouco chegamos no período de desenvolvimento industrial e de crescimento das cidades observando como ações do homem podem prejudicar os mananciais quando mal planejadas e como existem iniciativas que podem solucionar estes problemas ambientais.

Todo o percurso é realizado através de um cenário temático animado com intervenções performáticas e repleto de instalações tais como: maquete da bacia hidrográfica da região metropolitana de São Paulo, modelos de moinho e monjolo, roda d’água e usina hidrelétrica, modelo da absorção de água pelos vegetais, fluxo de poluentes no solo-rio-mar, modelo de um vale fluvial e dos mecanismos de enchente e de seca em um rio.

OS INDÍGENAS NO CAMINHO DAS ÁGUAS

As comunidades indígenas brasileiras utilizam os rios para ter água de beber, para pescar, para banhos e para viajar, como faziam antes da colonização européia. Longe dos rios, andando pelas matas, conhecem árvores que armazenam água e também sabem escavar poços. Vários grupos fazem canoas talhando com machado a casca de árvores, como o Jatobá, sem derrubá-las.

NOMES DE LUGARES

No Brasil muitos lugares têm nomes de origem indígena vindos de vários grupos lingüísticos como tupi, bororo, Karib, aruak, entre outros.

Os nomes indígenas de lugares geralmente descrevem características de cada acidente geográfico, como o volume das águas de um rio ou riacho, o curso acidentado ou suave, a presença de corredeiras ou de saltos, ou outro aspecto do relevo.

Os grupos indígenas de língua tupi chamavam de igarapé aos caminhos da canoa e de paraná os canais largos dos rios. Além do uso destes termos, os fonemas y e suas variantes i / u, em qualquer posição no nome, aparecem entre esses grupos nativos do Brasil designando água em movimento.

OS CAMINHOS DOS BANDEIRANTES

Alguns dos primeiros colonos no Brasil partiam de São Paulo e São Vicente para o interior do país em busca de indígenas para escravizar, assim como de ouro e pedras preciosas. Muitas destas expedições, ou bandeiras, chegaram a levar mais de 600 pessoas e duravam até dois ou três anos. Estes viajantes foram chamados de bandeirantes.

Seguiam os pequenos caminhos abertos nas matas pelos indígenas, mas ficavam próximos aos rios para ter água, pesca e caça. Seus grandes acampamentos à beira de rios eram apenas pousos. Os bandeirantes não se fixavam nos caminhos, voltando às vilas principais da Colônia para onde levaram os índios aprisionados. As bandeiras representaram despovoamento de muitas regiões sobretudo em função das fugas de muitos grupos indígenas.

MONÇÕES

Nos anos de 1700, as bandeiras diminuíram porque as comunidades indígenas estavam cada vez mais distantes em fuga de seus escravizadores. Mas como os bandeirantes acabaram encontrando ouro em Mato Grosso (antigo Estado) e Goiás, começaram a se formar expedições de comerciantes, as chamadas monções, para aquelas regiões. Utilizaram o rio Tietê para atravessar São Paulo, enfrentando as muitas corredeiras que existiam neste rio.

As monções ajudaram a transformar aspectos do povoamento da parte central do Brasil causando o aparecimento de pequenos povoados em alguns de seus locais de pouso. No período colonial as vilas eram pequenas. Costumava haver um chafariz para abastecer com água a população e não havia nenhum sistema de esgotos.

A ÁGUA NAS CIDADES

foto_2A chegada da família imperial ao Brasil em 1808 provocou o desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras de grande concentração populacional. Houve aumento na procura por habitação, transporte, abastecimento de água e eliminação de dejetos.

O abastecimento de água e esgotos estava a cargo do Estado mas as canalizações, materiais e serviços eram encomendados de empresas estrangeiras, especialmente inglesas. A industrialização e o crescimento econômico mais acentuados a partir da década de 30 causaram modificações no Estado brasileiro que passou a dirigir diretamente os serviços públicos formando vários órgãos, instituições e companhias estatais para tratar dos assuntos de abastecimento de água e saneamento.

CRESCIMENTO DAS CIDADES

A cidade de São Paulo é um exemplo do crescimento, muitas vezes desordenado, de cidades. No início do século XX, São Paulo era uma cidade com grandes vazios entre os bairros mais povoados. Havia o centro velho, os bairros da Liberdade, Bela Vista, Consolação, Campos Elíseos e Bom Retiro.

O rio Tamanduateí separava deste centro os bairros da Moóca, Brás, Pari e Santana. O fundo dos vales dos rios não era ocupado porque havia inundações periódicas. O crescimento da população e das indústrias trazia preocupações com a limpeza pública e forçava a ocupação dos terrenos. Assim, rios foram sendo canalizados — como o Tamanduateí, em 1914 — e várzeas foram aterradas para a construção de edifícios e ruas.

tratamento

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

cicloA poluição das águas por esgotos domésticos acontece pela falta de canalização e de tratamento destes esgotos. Além de fezes humanas, os esgotos contêm restos de alimentos, sabões e detergentes. São a principal fonte de poluição dos rios e lagos das grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Os adubos, estercos ou fertilizantes químicos usados na agricultura, quando levados para os rios pelas enxurradas ou por infiltração no solo, também aumentam a população de bactérias, apodrecendo as águas e causando a morte de peixes. Os despejos industriais e outros despejos químicos podem ser tóxicos para qualquer ser vivo tornando as águas sem vida e perigosas para o uso.

PRESERVAÇÃO DO SOLO E DAS MATAS

As matas retêm a água das chuvas. Sem a cobertura vegetal a água das chuvas escorre diretamente para os rios causando enchentes. O solo desprotegido também é carregado pelas chuvas para os rios, que se tornam mais rasos. Sem as matas a água corre para os rios e não pode ser reabsorvida e armazenada no subsolo. Assim, depois das chuvas, os riachos e rios locais não são mais reabastecidos pelas águas subterrâneas que formam as nascentes e secam. A falta de vegetação também diminui a umidade do ar, que causaria novas chuvas no local e em regiões próximas para onde o vento levaria a umidade. Por estas razões, com o desmatamento em regiões tropicais, milhares de hectares estão se transformando em desertos.

CONSUMO E ECONOMIA DE ÁGUA EM CASA

O consumo de água em apartamentos é maior que em casas. Isto acontece porque o volume da caixa d’água dos prédios fica muito elevado e a água chega nos apartamentos com pressão maior do que a água que chega diretamente da rua.

Uma pessoa gasta 12 litros de água em casa e 80 litros em apartamento para escovar os dentes em cinco minutos com a torneira aberta. Usando a água só para molhar a escova e enxaguar a boca, cada pessoa consome só um litro de água. Com a torneira aberta, em um prédio com 40 apartamentos, com dois ou três por apartamento, pode-se gastar 8 mil litros d’água só na escovação de dentes. Banhos mais rápidos, fechar a torneira enquanto se ensaboa a louça, lavar roupas em quantidade, não usar esguicho para lavar carros e calçadas e consertar vazamentos ajuda a economizar muita água.

ÁGUA PARA A VIDA

A água faz parte de corpo de todos os seres vivos e também é importante na alimentação e na higiene. Nos animais vertebrados, existe água fazendo parte do sangue e de muitos outros líquidos do corpo, na linfa, na espinha, no ouvido e no olho. Urina e fezes também contém muita água.

Nos invertebrados, a água faz parte do sangue ou da hemolinfa e, em muitas espécies, tem a função de sustentar os tecidos. Entre os vegetais, há água no interior das células armazenadas em vacúolos. Estes vacúolos também armazenam outras substâncias importantes para o metabolismo das plantas.

Em uma planta murcha, os vacúolos aparecem quase vazios. Além disso, os vegetais apresentam vasos para conduzir água e sais minerais das raízes até as folhas.

ÁGUA E SAÚDE

No mundo todo morrem cerca de 10 milhões de pessoas por ano devido à poluição das cidades e à falta de água encanada tratada e de rede de esgotos. Beber água suja, brincar nele e regar hortas com esgotos pode causar muitas doenças como a cólera, a disenteria e verminoses. A diarréia que acompanha estas doenças é a principal causa de morte de crianças menores de 5 anos de idade.

Esgotos a céu aberto transmitem estas doenças contaminando os lençóis subterrâneos de água, os rios, o solo e os alimentos. Para prevenir a diarréia é fundamental o saneamento básico das cidades. Saneamento básico significa moradia adequada, água encanada tratada e rede de esgotos. Onde não há água encanada deve-se construir poços e ferver a água que se bebe.

Abaixo estão relacionadas importantes medidas de higiene para evitar doenças:

  • Não regar hortas com água contaminada por fezes
  • Lavar as mãos antes de comer
  • Lavar as mãos após usar o banheiro
  • Beber água tratada, filtrada ou fervida
  • Ferver chupetas e bicos de mamadeira
  • Lavar bem frutas e verduras
  • Comer carne bem cozida
  • Andar calçado

Fonte:  Água Brasilis – USP